Sempre que estamos juntos o tempo é efémero. Temos sede de nos conhecermos em todas as vertentes. Temos uma empatia como nunca imaginámos sentir a quatro. Sorrimos muito e falamos como se tivéssemos novidades constantes a partilhar. Conversa de teor sério, num instante, são uma autêntica piada. Tornamos os temas leves. Somos amigos íntimos desde o primeiro encontro.
Desta vez, decidimos que queremos usufruir de um serão mais intimista de acordo com a nossa amizade. Um jantar preparado por todos. A Mariana tratará das entradas, Lucas do vinho, nós do jantar e sobremesa. Uma boa refeição, lareira acesa em boa companhia e uma noite longa são apenas os requisitos. Perguntam como tencionamos tornar a noite longa. Depressa respondo que sugestões não faltam. Vamos conjugar o nosso lado lúbrico de adultos ao pueril com jogos de inverno.
Ao final da tarde os quatro reunidos na cozinha para os preparativos. Autêntica paródia. Temos música e aproveito para ensinar à Mariana kizomba como prometido. Este pequeno momento permite-nos (mulheres) sentir mais próximas e soltas. Os homens deliciam-se com o espectáculo e até tentamos uma bachata a 4. E pronto, já se sente sedução no ar.
Os divertidos deixam-nos para tratarem de acender a lareira. Ficamos as duas numa conversa mais amena mas de alguma forma sensual. Não resisto contar à Mariana as confidências do Lucas acerca das fantasias de ambos. As mesmas fantasias que me incendeiam e que originaram uma conversa muito eloquente num destes serões. Ela confirma e cora. Tímida ainda no tema origina uma reacção que me encanta. A timidez dela torna-me atrevida. Solto uma pergunta inesperada : "gostavas que te beijasse? Mariana devolve-me a surpresa, encostando-se a mim lentamente com uma retórica: - "De que esperas?"
Cedo. Toco-lhe de leve com os meus lábios nos dela. Ambos quentes, ambos doces e ternos. Um primeiro beijo terno e logo de seguida, um segundo intenso. Seguro-lhe na nuca, de forma a estarmos bem coladas, e invado a sua boca com a minha língua. Saboreamo-nos numa volúpia de línguas, lábios e mordidas carnais. O tempo pára naqueles breves segundos mas somos interrompidas pelos risos dos homens no corredor. Voltámo-nos em silêncio para o balcão sorrindo uma para a outra de forma cúmplice.
O ambiente efusivo mantém-se durante o jantar. Existe uma provocação constante entre todos. A alegria neste convívio é hiperbólica mas, de alguma forma, já esperávamos que assim fosse. Temos jazz como musica ambiente que combina com a libido no som de cada piada sarcástica dos homens ou nos olhares devoradores. Possivelmente o álcool começa a dar ares da sua graça quando o atrevimento se torna mais intenso no fim da refeição.
Decido partilhar como tenciono prolongar a noite e conhecermo-nos um pouco mais. "Pensei em jogos" – digo eu. O meu marido já sabe dos planos mas nem por isso me interrompe. Contínuo bastante atrevida e ele adora apreciar-me assim. Trouxe umas cartas. Vamos competir um jogo de copas. A ideia será swingar com cartas. As equipas serão os casais trocados. Gargalhada generalizada como aprovação. Lucas solta a sua criatividade e junta uma regra - “ quem perder despe” Depressa se inicia uma discussão sobre as regras. As mulheres não querem facilitar e apenas cedem uma peça de roupa por perda. Além disso, quando ficarmos em roupa interior acaba-se o jogo. Tudo negociado!
O jogo é renhido e divertido como previsto. Os seres femininos nada preocupados com estratégia mas com a sorte de principiantes tornam o fim da diversão mais lento. Quando a todos só falta uma peça de roupa já se questiona qual o próximo jogo.
Nesta altura já existem mãos atrevidas, já existem aconchegos apesar de desnecessário porque a temperatura oferecida pela chama da lareira está óptima. Decido reduzir a ansiedade…ou não...dizendo - “vamos jogar a verdade ou consequência”.
As ultimas quatro jogadas foram um pouco trapaceiras de forma a antecipamos o próximo jogo. A atenção no jogo das cartas dissipou-se. O tema é a discussão das próximas regras. Definitivamente estamos todos empolgados. Voltamos à adolescência. Reforço a ideia que tencionamos nos conhecer porque a vestimenta e as mentes libertinas já só sugerem consequências bem eróticas.
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