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Açorada em viagem

Existem várias teorias, pesquisas, opiniões sobre as mudanças hormonais que ocorrem pela alteração de estação, pelo aumento de temperatura, pela maior disponibilidade de sol. Como mamíferos que somos, confirmamos sentir esta mutação sazonal. No nosso caso essas alterações favorecem os passeios e viagens mais frequentes. Sentimos uma necessidade premente de sair, de respirar ares fora do habitual, de usufruir da natureza mas, existe uma dissidência: detesto viagens longas!

Em tempos li algo como "A pessoa ideal não existe. Existem os defeitos que consideras ideais!" Defeito teu: adoras conduzir sem destino. Defeito meu: detesto viajar sem destino. Eu cedo na viagem e tu cedes a caprichos meus. Afinal estar num relacionamento é ceder, conscientes de quanto podemos agradar com um simples gesto.

Apesar deste contrassenso de defeitos, na realidade, admito: existe sempre algum beneficio que desvaloriza a viagem longa. Satisfaço caprichos de diabrete. Adoro provocar-te a desconcentração na condução. Uns beijos no pescoço e o alerta é espoletado. Sorrimos cúmplices. Espero cada pedacinho de estrada mais deserta para umas investidas mais atrevidas. Tocar-te e sentir o teu tesão despertar, a tua calça molhar. Saborear-te, enquanto pedes para sossegar. Despertas em mim o ser mais endiabrado. Pedir o teu clímax sem que pares o carro. É um prazer meu deixar-te desconcertado.
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Até há bem pouco tempo imaginava como te sentirias. Um comentário meu, na partilha desta imaginação e invertem-se os papeis. Ficou a promessa de que iria saber, conheceria a sensação em breve. Mais um desafio  é lançado. E assim nos vamos provocando constantemente.

Foi em pleno Verão, depois de um dia de piscina bem acalorado e preenchido. O divertimento foi aproveitado até ao ultimo minuto. Sem oportunidade de secar o biquíni, coloco apenas o vestido comprido e removo a roupa molhada, para evitar o desconforto na viagem de regresso. Atento, olhas-me e ofereces um sorriso perverso que retribuo.

Trocamos um beijo quente antes de entrar para o carro e iniciar o que não gosto: a viagem. Poucos quilómetros fazemos e pelo cansaço, quase me rendo numa sesta tardia. Decido contrariar o sono. Para despertar, roubo--te um beijo. Rejubilo sempre que sinto o quanto um beijo te estimula a tua libido.Consigo me certificar deste despertar, não só, mas de forma mais instigadora, pelo toque. Coloco a mão irrequieta sob os calções finos e sorrio-te com o olhar perverso.

Surpreendes-me num movimento abrupto. Sobes o meu vestido no intuito de retribuíres o meu toque. Seguimos viagem em silêncio. Os corpos comunicam através das mãos que desassossegam o desejo.

Tento desapertar-te os calções mas impedes-me. Dizes que desta vez será a minha vez e retiras-me a mão. Rendo-me aos sentidos. Sinto os movimentos do carro e os da tua mão. Observo os carros e sinto a tua mão. Olho-te e dizes-me: "Sente apenas. Entrega-te!" Relembro a promessa e aceito o desafio. Temos meio percurso. A novidade, o meio, sentir-me observada. Uma autêntica folia interior. Dilema: Entregar? Deixar acontecer? A estas questões os teus dedos respondem por mim. Sabes como me tocar, sabes onde persistir. Quase enlouqueço quando me pedes para segurar. Passamos na portagem e não queremos ferir susceptibilidades.
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Assim que passamos o pórtico, não me dás nem mais um segundo de ânsia. Os teus dedos depressa voltam à dedicação da minha satisfação. Os meus suspiros guturais expressam o quanto não domino o pensamento. Quero me entregar, libertar em movimento. O êxtase acontece, diferente do já sentido até aquele momento. Sinto o corpo elevar-se e acompanhar a velocidade do carro. Abro os olhos e sorris, um sorriso terno mas de quem tem o ego alimentado. Essa sensação foi minha por várias vezes e consigo reconhecê-la no teu olhar. Invertemos. Por momentos penso: Não sei se é isto que sentes, mas se assim o é, repetirei não só por satisfação de ambos, mas muito mais por egoísmo!

O retorno do sol fez nos recordar estas peripécias. Possíveis de realizar pelas roupas leves e não pela vontade. Pela mesma...somos uns açorados!

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